Bikepacking: um relato de uso dos equipamentos

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Por Luciano Trevisol – Aresta Equipamentos

Eu já estava produzindo os equipamentos para bikepacking há mais ou menos dois anos e embora os tivesse testado não havia motivos para não fazer mais uma viagem com eles, ainda mais com uma grande parceria. Descrevo agora minhas impressões sobre estes equipamentos e seu uso. Lembro que fiquei fascinado quando vi os primeiros modelos de bolsas e suportes para carregar a carga espalhada pela bicicleta, nos sites e blogs de fora do país, seguindo uma dica do amigo Giovanni Poletto. Assimilei as principais ideias, construí os primeiros monstros e comecei a usar pra ver se dava certo.

O mais importante talvez seja afirmar que é preciso mudar um pouco a ideia sobre como carregar os equipamentos que usamos para pedalar e acampar, e acima de tudo, o que e por que usamos. Desde o início do esporte das caminhadas de longa distância e do montanhismo, quando caras como Ray Jardine desenvolveram seus próprios equipamentos visando a retirada do peso, a versatilidade das coisas se desenvolveu bastante. O critério dos fabricantes de equipamentos para a vida do lado de fora foi determinado pela necessidade do uso mas também pela leveza.

Novos materiais, novos desenhos, muita gente testando levaram ao que temos hoje nas matérias das revistas especializadas norte-americanas e europeias e nos seus anúncios, mas até então inalcançáveis aqui no Brasil. Se por um lado estamos afastados dos equipos estrangeiros por seu preço, por outro temos uma turma aguerrida de fabricantes de material em nosso país, com fabricação própria, boas ideias e muita criatividade.

Sem seguir um sentido literal mas também sem abandoná-lo, o que consigo entender por bikepacking é um tipo de equipamento para ciclismo de aventura, ou fora de estrada, onde o terreno é mais difícil. A viagem de bicicleta que nós fizemos, eu e o Rodrigo Timm, nos dias 21, 22 e 23 de abril de 2016 partiu de Florianópolis, do bairro Costeira e do Campeche. Seguimos um trajeto visto no Google Earth pelo entorno do Parque Estadual do Tabuleiro. O desconhecido se encontrava entre Paulo Lopes e Rio do Poncho. Fizemos a trilha do Morro da Palha em Paulo Lopes, mais curta, e a trilha de 12 km entre Espraiado e Rio do Poncho. Depois fomos por caminhos que passam por cidades e vilas já conhecidas, como Santo Antônio, São Bonifácio, Águas Mornas, Santo Amaro, Palhoça, São José e Florianópolis.

Percorremos 197 km por todo tipo de terreno, como trilhas com subidas íngremes, com muito barro, onde não foi possível pedalar e avançamos empurrando as bicicletas, estradas de chão batido e asfalto e a partir da noite de quinta até o sábado de manhã, com chuva. E estava incluído no roteiro original a passagem pela Serra da Garganta, mas excluímos por causa da chuva e do meu cansaço.

                                Trilha do Espraiado para o Rio do Poncho

Os equipamentos que usei, fabricados por mim mesmo, são a Carranca para carga na dianteira da bicicleta, dois porta-volumes fixados nos lados dela, uma bolsa na parte superior dianteira do quadro, uma bolsa no quadro (a framebag), uma bolsa para carga embaixo do selim chamada Marimbondo e uma mochila de 15 litros. Ao contrário de quando se carrega a carga nos alforjes na parte de trás da bicicleta, com estes suportes e bolsas a carga é distribuída pelo quadro da bicicleta. Isto melhora a dirigibilidade e a mantém mais estreita facilitando a passagem por obstáculos. Também notei que ao empurrar e pedalar a bicicleta pelas subidas, no barro, a bicicleta fica mais equilibrada com esta maneira de distribuir o peso. O Rodrigo levou um alforje de 70 litros e disse que ficou mais complicado empurrar a bicicleta nestas condições.

Distribuí assim a bagagem:
Nas costas – levei uma mochila pequena com 15 litros e nela carreguei quase sempre em sacos estanque um canivete, o celular, um isqueiro, um anorak, óculos, boné, protetor solar, pelo menos quatro pacotes de miojo e 1,5 l de água numa bolsa. Escolhi deixar a mochila bem leve, por questões óbvias.
Na frente da bicicleta – na Carranca (handlebar bag), carreguei um saco com a barraca de 1,7 kg e um isolante inflável com 300 g. No bolso da Carranca, repelente, desodorante, escova de dentes, fio dental, um extensor e mais uns sacos estanque.
Nos porta-volumes – uma caramanhola de 600 ml com água e um litro de isotônico, com fácil acesso durante o pedal. Na bolsa superior fixada no quadro, ovos cozidos e amendoim.
Na frame bag – kit de primeiros socorros. Panela de 1 litro com chá, alho, sal, uma caneca e uma colher dentro. Um kit de ferramentas com bomba, câmara de ar, cabos de freio e câmbio, canivete multiferramentas, cola, remendos e espátulas. Mais quatro pacotes de miojo e duas latas de sardinha. Um queimador MSR Wisperlite, a garrafa com combustível ficou no suporte para caramanhola na parte mais baixa do quadro.
Na bolsa no selim – no Marimbondo carreguei um saco de dormir em um saco de plástico resistente e em outro saco uma camiseta, uma calça e uma camisa segunda pele, um par de meias, uma touca, uma bandana e uma cueca.

Durante o trajeto e nas paradas acessei com mais frequência a frame bag, os porta volumes e a mochila. Na Carranca e no Marimbondo só precisei mexer na hora de acampar. Como a fixação das bolsas é feita através de fitas, com tridentes e reguladores, eu precisei reapertar a Carranca e o Marimbondo, mas apenas uma vez.

 

                            Próximo da BR 282 com o Cambirela ao fundo

Esta mudança na maneira de carregar os equipamentos na bicicleta pode exigir também uma mudança sobre o que é necessário ou o que será estritamente necessário em uma viagem. Cortar itens duvidosos para não levar em uma viagem faz parte de uma escolha difícil que também acontece no alpinismo por exemplo. O estilo de escalada alpino segue o princípio de ir leve e rápido sobre a rocha em lugares onde o clima muda rápido e pode se tornar o principal obstáculo. Voltar seguro depende da velocidade da escalada.

As bolsas e suportes compactos que usei são melhor aproveitados se o que carregamos neles passam bem por estes três critérios, leveza, versatilidade e pouco volume. No entanto nada impede que sejam usados como complemento à necessidade de espaço para carga quando usamos alforjes.

Espero que o que apresentei possa ajudar a quem acompanhou até aqui a comprovar que nos beneficiaremos, e aproveitaremos mais uma aventura, quando for possível escolher entre ir mais leve do que mais pesado, principalmente nas subidas.

                                                     Eu e o Rodrigo 
***
  Um pouco mais da viagem:

                        Travessia da Caiera da Barra do Sul até praia do Sonho

                                       Motos velozes e barulhentas

                                      Acampamento ao lado do rio

 

4 Responses

  1. aresta

    Oi Wladimir, agradecemos teu contato. A bolsa de quadro é feita sob medida para cada quadro, então você tem que mandar as medidas conforme está explicado neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4NBo4Wu5ahA
    Só que estamos entrando em férias hoje, a produção será retomada em fevereiro. O valor é 180,00 e o frete ficou 31,60 por PAC ou 82,50 por sedex. Então, se você quiser, nos mande as medidas para o e-mail arestaequipamentos@gmail.com e continuamos a conversar, abraço!

  2. Rafael Dias

    Oi!
    Como se faz para deixar a seedle bag tão retinha?
    a minha fica caindo… Hoje baixou tanto que pegou na roda traseira. Resolvi enfiando um cabo de madeira dentro da bolsa, mas acho que não é assim que se resolve.

  3. aresta

    Olá Rafael, boa tarde. Aqui é o Luciano. Se for possível seria bom você nos enviar uma foto do Marimbondo na sua bike, para o e-mail arestaequipamnentos@gmail,com. Assim eu poderia ver e ajudar mais. Para que a seatbag fique firme você tem que colocar a bagagem nela e fazer um pouco de pressão, para compactar. Geralmente se carregam nela as roupas, o saco de dormir, estes ítens compactam melhor. Se você não estiver carregando este tipo de bagagem e sim uma panela com fogareiro por exemplo, e comida, fica mais difícil de compactar mas também dá. Depois de compactar bem a bagagem as fitas de 25mm devem ser ajustadas, pode puxar com força. São duas para o canote do selim e mais uma para o trilho do banco. O posicionamento destas fitas na fita principal, aquela com várias costuras, também determina se o Marimbondo vai ficar com a traseira mais alta ou mais baixa. O vídeo de instalação mostra como passar as fitas (https://www.youtube.com/watch?v=Ip4K9vzxUco). Estes procedimentos já devem ser suficientes. Se ainda assim não ficar bem justo no selim, verifique se a armação interna não está quebrada. Se ela estiver danificada solicite que nós te enviamos sem custos uma para reposição, a instalação dela é bem simples. Espero ter ajudado, abraço.

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